segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Homem Pós-Moderno!

A Infelicidade Pós – Moderna
Segue um texto em que pretendi fazer uma reflexão sobre a condição em que se encontra o homem pós moderno diante do mundo místico.

Nos últimos dois séculos o homem tem conseguido avanços profundos no que tange a aspectos científicos, tanto em áreas médicas como de tecnologia. O problema é que o mesmo ainda não conseguiu solucionar o problema da angustia, da culpa, do medo do pós-morte etc. Isto prova que fatores externos a este dificilmente podem dar cabo a problemas emocionais, podem ao menos, amenizar, ou cegá-lo momentaneamente, mas não curá-lo por completo.

A modernidade, no entanto, acreditou piamente, que quanto mais elevados fossem seus conhecimentos científicos menos necessitaria do transcendental, ou seja, do sobrenatural, da fé em um ser superior  etc. Bem, isso não foi alcançado, um aparelho qualquer, não traz paz  a alma, quando há conflitos familiares a se resolver, uma  televisão  - ou outras mídias-,  traz apenas   arrasta  os homens para um desconhecimento de  si mesmos. Ao perceber que tentando desencantar o mundo, na esperança de encontrar a solução para homem na matéria concreta, todo esforço foi em vão, vejo um desespero caótico em nossos dias. Dizem os crentes no progresso como fonte de alegria que, o religioso busca na crença conforto para suas aflições, e isso é verdade. Mas vamos inverter a pergunta: Não buscaria na negação do  místico  – isso independente de religião - , o tal homem moderno o conforto em si mesmo, e negando o pós-morte uma fuga para a intrigante angustia da incerteza do por vir e fuga da culpa de ter acreditado na perfeição da modernidade? Talvez, é uma das possibilidades a serem consideradas. Negar a eternidade,  ou o místico de forma geral pode ser uma forma de se sentir confortado de toda a moral negada em troca do prazer material, mas principalmente pelo orgulho de ter negado o divino e não reconhecer que o plano da sociedade material  baseada na cientificidade não trouxe consigo o conforto emocional para o homem.

O ser humano até onde parece é pura agonia - pois faz escolhas -, toda forma de resolver tal agonia no plano tangível é questionável, inclusive as propostas políticas de sociedade perfeita. A igualdade social deve ser buscada, mas não aliviará a dor emocional de forma definitiva - embora contribua, pois a injustiça do meio externo afeta em certo grau o individual - nem trará cura a depressão do homem em quanto ser individual. Não quero dizer que não devemos ter idealismos, muito pelo contrario, mas que a busca da restauração total do homem por planos externos a ele pode ser muito mais complexa. O homem não é só matéria, mate sua fome física, de a ele todo prazer carnal, depois tire dele aquilo que ele mais ama, mesmo que seja algo pequeno aos nossos olhos, e verá que sua pança cheia não aliviará sua dor interna, ela será amenizada e muito, mas não totalmente.
Como bem disse Blaise Pascal (século XVII), o homem é limitado e por não compreender o infinito é angustiado, não há cura cientifica para isso, o método cartesiano para problemas na alma dificilmente pode ser útil, pois não há forma de matematizar a alma humana como relatou o mesmo físico e matemático de Port-Royal - França. Desta forma, negar a importância do místico, nada mais é que um argumento perigoso de negação da dor que também  aflige aquele que faz tal preposição – não que todos tenham problemas em lidar com a culpa ou algo assim. O pior é que tal individuo confia nele mesmo. Como um poço de agonia poderá matar a sede um em ser em desespero? Eis a condição do homem pós - moderno, que acredita na restauração da raça humana, pela negação do sobrenatural  em detrimento da fé no próprio homem, e busca de remédio no material que  é indigestível para o ser interior que está além do corpo físico. A questão aqui não é se o divino é real ou não, mas que se a crença no sobrenatural é falha, também pode ser falha a crença no concreto, isto no que tange a satisfação humana.
     Fique claro, no entanto, que não tratei aqui de julgar ideologias políticas – já que como  historiador obviamente julgo a política importantíssima já que somos seres individuais sim, mas também vivemos de forma coletiva, e coletivamente também temos problemas a resolver, tenho ainda minha posição politico-ideológica – pretendi, no entanto, refletir sobre o comportamento humano em relação ao mundo pós - moderno. Desta forma, o que me interessou ao escrever este texto, foi à questão da satisfação do homem enquanto sujeito individual, não coletivo.